Neste resumo, você vai conhecer sobre o processo que levou à Descolonização Afro-Asiática, que conseguiram se tornar livres do imperialismo europeu, causas, líderes e a questão do Apartheid. Ao terminar de ler, confira outros recursos para você aprender mais, como videoaulas, questões, mapas mentais, dentre outros

Antecedentes

Os continentes da África e Ásia, desde o século XV, tornaram-se alvos de disputa entre as nações europeias. Com o surgimento do capitalismo comercial, a exploração colonial foi maior na América. Porém, os europeus continuaram tendo relações comerciais e mantendo o domínio sobre a África e a Ásia.

Este domínio aumentou no século XIX, em razão das necessidades econômicas geradas pela Revolução Industrial. A Europa voltou-se novamente a estas regiões, impondo o imperialismo, ou neocolonialismo. Os povos asiáticos e africanos não aceitaram passivamente a dominação das potências europeias. Desde o início do domínio imperialista, surgiram movimentos de rebeldia e luta pela liberdade dos povos colonizados.

No século XX, um conjunto de fatores possibilitou às regiões afro-asiáticas conquistar a tão desejada independência – ou descolonização – dos países europeus. A descolonização Afro-Asiática.

Causas

Dentre os fatores que possibilitaram a descolonização da África e da Ásia, podemos destacar a Primeira Guerra Mundial, que foi motivada pelas disputas imperialistas. Ao fim da guerra, a Europa saiu enfraquecida, perdendo sua hegemonia para os Estados Unidos. Além disso, a Crise de 1929 repercutiu nas áreas coloniais com o agravamento das condições de vida dos colonos. Isto fez estourar várias revoltas e manifestações contra as metrópoles europeias.

Estas manifestações acabaram resultando no nascimento de um forte sentimento nacionalista que se traduzia no desejo de liberdade. Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa declinou completamente, sendo dividida em áreas de influência entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS). Desta forma, intensificaram-se os movimentos de independência.

Com o início da Guerra Fria, EUA e URSS passaram a apoiar a independência afro-asiática, visando ampliar sua área de influência entre as novas nações que iam surgindo.

Independência da Índia

A Índia foi o primeiro país asiático a iniciar a luta pela independência. No final do século XIX, haviam ocorrido manifestações nacionalistas contra a dominação inglesa. O grande líder do movimento pela independência foi Mahatma Gandhi. O termo mahatma significa “grande alma”. Gandhi era contra a luta armada e iniciou um movimento de luta pacífica, não-violenta, chamado de Satyagraha. As campanhas de resistência passiva à dominação inglesa iniciaram em 1919.

O movimento pela libertação foi crescendo, mas nem sempre foi pacífico, sendo frequentes as prisões, as mortes e a violência. Porém, a população foi aderindo sem parar, até 1947, quando a Inglaterra reconheceu a independência. Como os hindus e muçulmanos que habitavam a região viviam divididos e em constante conflito, o território foi dividido em dois Estados independentes: a União Indiana, para os hindus; e o Paquistão, para os muçulmanos.

Em 1971, o Paquistão Oriental separa-se do Paquistão Ocidental, constituindo a República de Bangladesh. A Índia foi uma das pioneiras no processo de descolonização Afro-Asiática.

Independência da Indonésia

A Indonésia é formada por cerca de dezessete mil ilhas das quais seis mil são habitáveis, as que se destacam são Java e Sumatra. Desde o século XVII até 1941, o arquipélago esteve sob domínio holandês. Em 1941, durante as ofensivas da Segunda Guerra, o Japão passou a dominar a Indonésia, o que levou à formação de um movimento nacionalista de resistência, liderado por Alimed Sukarno.

Com a derrota japonesa em 1945, o movimento de resistência proclama a independência do país. Esta independência não foi aceita pela Holanda, que iniciou uma tentativa de recolonizar a Indonésia. Sukarno, unindo os nacionalistas, lidera uma guerrilha contra os holandeses que, em 1949, são obrigados a reconhecer a independência da Indonésia.

Em 1955, a Indonésia sediou a Conferência de Bandung reunindo diverso países africanos e asiáticos recém-independentes. O objetivo desta conferência foi promover uma cooperação econômica e cultural entre estes países. Foi um grande marco da descolonização Afro-Asiática.

Independência da Indochina

A Indochina era uma região formada pelo Vietnã, Laos e Camboja. Em 1887, esta região foi conquistada e submetida ao colonialismo francês. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a França foi ocupada pelos alemães, cessando seu domínio sobre a região. No ano seguinte, em 1941, os japoneses ocuparam toda a Indochina.

Isto levou à formação de um movimento de resistência nacionalista comandando pelo Vietminh, uma liga revolucionária liderada pelo comunista Ho Chi Minh. Após a derrota do Japão na guerra, em 1945, foi proclamada a independência do Vietnã do Norte. Os franceses não reconheceram o governo de Ho Chi Minh e tentaram, a partir de 1946, recolonizar a Indochina, ocupando as regiões do Laos, Camboja e o Vietnã do Sul.

Isto desencadeou a Guerra da Indochina, que se estendeu até 1954, quando os franceses foram derrotados. Neste mesmo ano ocorreu a Conferência de Genebra, na qual os franceses reconheciam a independência da Indochina.

Independência do Egito

A maioria dos países africanos conquistou a independência na década de 1960, e apenas em raros casos a separação se deu de forma tranquila, sem guerra. O Egito estava sob domínio francês até 1881, quando a Inglaterra assumiu o controle do território. Em 1914, tornou-se um protetorado inglês.

O fim do domínio colonial inglês ocorreu em 1936. Porém, a Inglaterra não abriu mão do controle que exercia, desde 1875, sobre o Canal de Suez, um canal que liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, ou seja, a Europa à Ásia. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Egito foi palco de manobras militares alemãs e italianas. Em 1942, os ingleses expulsaram as tropas do Eixo e impuseram o rei Faruk no poder.

Em 1952, o general Naguib, com o apoio do Exército, depôs o rei e proclamou a República, assumindo o poder. Em 1954, o coronel Gamal Abdel Nasser substituiu o general Naguib, mantendo-se no poder até 1970.

Independência da Argélia

A Argélia esteve subordinada ao colonialismo francês desde 1830. A partir de 1880, iniciou-se um processo de imigração francesa para o território argelino, ocupando as melhores terras. Os colonos franceses na Argélia, denominados pés pretos, tinham condições de vida superiores às dos argelinos e o grau de discriminação era muito grande.

Em 1945, ocorreram as primeiras manifestações pela independência. Essas manifestações foram lideradas por muçulmanos, grupo religioso predominante na Argélia, mas foram prontamente sufocadas pelos franceses. A derrota francesa na Guerra da Indochina, em 1954, evidenciava o enfraquecimento do seu poder. Nesse mesmo ano, a população muçulmana da Argélia voltou a se colocar contra a França, através de manifestações que resultaram na criação da Frente Nacional de Libertação.

Ainda 1954, iniciou a guerra de independência, que deixou um saldo de milhares de mortos. Em 1962, após oito anos de guerra, foi assinado o Acordo de Evian, segundo o qual a França reconhecia a independência da Argélia. Um importante exemplo da descolonização Afro-Asiática.

As colônias portuguesas

Portugal foi o pioneiro nas Grandes Navegações, a partir do século XV. Em 1415, os portugueses iniciavam a conquista de várias colônias, com a tomada de Ceuta, na África. Durante o neocolonialismo, as possessões portuguesas ficaram reduzidas a Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e aos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.

A crise na qual mergulhou o Império Português, no século XVII, levou à perda de grande parte de suas colônias para os espanhóis, holandeses e ingleses. Se comparadas a outras regiões da África, as colônias portuguesas levaram mais tempo para obter a independência. As negociações só ocorreram no fim do regime salazarista, em 1974.

O caso mais violento foi de Angola. A partir de 1975, a luta pela independência virou uma grande guerra civil, finalizada apenas em 2002, com um milhão de mortos.

O Apartheid

Um dos fatos mais marcantes no processo de descolonização africana foi o Apartheid, regime de segregação (separação) racial que diferenciava negros e brancos na África do Sul. O apartheid existia desde o século XVII, quando a África do Sul foi colonizada por ingleses e holandeses. Em 1948, o termo foi legalizado.

Durante o regime do Apartheid, o governo era controlado por brancos de origem europeia. Aos negros eram negados direitos sociais, econômicos e políticos. Algumas leis do regime visavam proibir o casamento entre brancos e negros; a circulação de negros em determinadas áreas da cidade e instalações públicas; a declaração de registro de cor, entre outras.

Este regime teve fim em 1990. Um dos maiores opositores do Apartheid foi Nelson Mandela, preso em 1964. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul, tornando-se o primeiro presidente negro do país.

O Terceiro Mundo

Podemos dizer que principal consequência do processo de descolonização afro-asiática foi a criação de um novo bloco de países. Estes países recém-independentes, juntamente com a América Latina, passaram a compor o chamado bloco do Terceiro Mundo.

Essa denominação deve-se ao fato de que os países originados a partir desses processos de independência acabaram por manter vínculos de dependência econômica. Os países capitalistas desenvolvidos formavam o bloco do Primeiro Mundo, enquanto os países socialistas desenvolvidos formavam o bloco do Segundo Mundo.

Vale lembrar que, no decorrer dos anos, estas denominações foram perdendo popularidade.