Uma das coisas legais das Ciências Humanas, é a possibilidade de fazer leituras de praticamente qualquer coisa. Podemos dizer que o texto vai além do que é escrito pela humanidade, podemos buscar significados nas pinturas, nos filmes, nos quadrinhos, enfim, em qualquer aspecto criado pelo ser humano. Confira sobre Bilbo, Gandalf e a Filosofia que Existe na Simples Expressão Bom dia!
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Gandalf e Bilbo em “O Hobbit”
Neste sentido, a filosofia pode ser utilizada para fundamentar estas leituras e fiz isto em um trecho do livro “O Hobbit”, do escritor inglês J.R.R. Tolkien. Este livro, transposto para o cinema em 2012 (com continuação em 2013 e 2014) pelo cineasta Peter Jackson, foi escrito originalmente em 1937.
Acho que a obra dispensa apresentações. No trecho em questão, Gandalf, em seu primeiro contato com o hobbit Bilbo, é saudado com um bom dia, como observamos na imagem a seguir.
A indagação de Gandalf tem muito de questionamento filosófico. Eu, particularmente, já fui saudado e saudei com bom dia milhares de vezes, mas nunca havia parado para questionar o seu significado ou a intenção por trás deste discurso. Gandalf vai além da saudação e a desdobra em várias interpretações.
Gandalf, aliás, é a personificação da sabedoria, representada pelo mago barbudo. Bilbo, por sua vez, personifica o tolo, aquele que não aprofunda em seus pensamentos, mantendo-se na acomodação da superficialidade.
Segundo Demerval Saviani (2002), a palavra reflexão vem do latim e significa reflectere, voltar atrás. Isto significa que refletir pressupõe retomar, revisar, revisitar. Esta é base do pensamento filosófico. Toda a reflexão é um pensamento, mas nem todo o pensamento é uma reflexão.
Porém, Saviani afirma que, para que a reflexão seja considerada filosófica, deve atender a três exigências: ser radical (deve ir à raiz da questão), ser rigorosa (deve ter um método, uma sistematização) e ser interdisciplinar (deve estar associada a outras áreas do conhecimento).
Voltando a questão do bom dia, Gandalf pensou filosoficamente, pois pegou uma inquietação (no caso, o bom-dia) e levantou alguns questionamentos, provocando Bilbo. Porém, a reflexão parou na negativa de Bilbo em aprofundar a discussão, preferindo continuar fumando o seu cachimbo.
E nós, quantas vezes agimos como Bilbo e preferimos apenas fumar o cachimbo?
Referência
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 14. Ed. Campinas: Autores Associados, 2002.
é bom esse sait
O par reflexãoX intuição está na diferença de sabedoria de Atená e Apolo, na visão da coruja e da águia. Vide o artigo dos 12 deuses olimpicos.
Também é legal ver o par aparentemente oposto da reflexão e da intuição, que são as duas ferramentas do filósofo. A intuição só muito recentemente foi abordada pelas Neurociências. Ouvi uma outra explicação para a palavra reflexão. Um cara quer enxergar algo do outro lado de um muro alto. Ele põe um bambu com um espelho na ponta e consegue ver o objeto do outro lado do muro. O paralelo físico exato da forma refletida de pensar. Já a intuição, seria como você estar sentado a poucos centimetros de um objeto com cabeça encoberta por um véu muito opaco. De repente o véu é puxado por alguns segundos e novo véu, mais diáfano, é colocado sobre tua cabeça. Por alguns instantes o conhecimento é acessado EM BLOCO E SEM OBSTACULOS vindo de estruturas cerebrais não-relacionadas a comunicação verbal e depois você fica com um resíduo bom do conhecimento para converter em algo descritível. ACHO intuuição seria equivalente ao termo inglês insight.
Gostei do conceito de intuição.
O filósofo só tem que tomar cuidado para não resvalar na chatice. Sócrates gostava de dizer que Atenas era um imenso pangaré e ele mesmo era um carrapato que o fazia se mexer. E o que fazemos com carrapatos?Independente do papel crucial do filosofo em uma sociedade ou do destino triste/feliz que ele possa ter por conta de seu método, acho que ele pode ser contraproducente e, ao inves de fazer a sociedade refletir, induzir a sociedade a afundar o cachimbo na boca. O filósofo deve ser um sedutor. Como os missionarios de todas as religiões. Dizer 1000x para alguem para se arrepender de seus pecados e se converter ao Cristo/Alah/Buda… tem mais chance de conseguir um adepto ou um cara avesso a religiões?
Os filósofos hoje não têm mais o mesmo reconhecimento do século XVIII