Geralmente, as questões de história em vestibulares e concursos utilizam alguma fonte histórica. Esta fonte pode ser um documento escrito, uma charge, uma imagem, um filme, música ou qualquer outra que possa ser utilizada para contextualizar um fato histórico. Nesta postagem, vamos conhecer as fontes históricas mais usadas no Enem, considerando, obviamente, as questões de história.

Quem vem acompanhando minhas postagens, sabe que eu analisei todas as questões de história do Enem, desde 1998. Esta análise foi inserida em uma tabela e, a partir dela, fiz uma tabulação que oferecem vários dados sobre a prova do MEC.

Assim, este artigo é mais um de tantos outros já publicados aqui. Leia todos com atenção! Eles podem ajudá-lo a ter um conhecimento diferenciado que, por sua vez, pode torná-lo mais competitivo na prova.

Fontes históricas

Vamos manter a mesma metodologia das postagens anteriores, ou seja, vamos comparar os gráficos de dois períodos do Enem: aquele que vai de 1998 a 2011 e aquele que vai de 2009 a 2011 (novo Enem). A partir deles, vamos observando a evolução da prova e em que aspectos ela melhorou ou piorou.

No caso das fontes históricas, percebemos que as questões podem ser divididas em algumas categorias como:

  • Doc. Primário: questões que apresentam documentos escritos de um determinado período, onde o autor é testemunha do fato histórico em questão. Ex.: Carta de Pero Vaz de Caminha. Neste caso, músicas também entram na classificação de documento primário.
  • Doc. Secundário: questões que apresentam documentos escritos que tratam de um determinado fato histórico, mas que o autor não foi testemunha. Geralmente este autor cita, como referência, documentos primários. Ex.: História do Brasil, de Bóris Fausto.
  • Imagem: questões que apresentam imagens de vários tipos, como charges, quadrinhos, pinturas, gráficos, fotografias, entre outras.
  • Mescla: questões que mesclam duas ou mais fontes, ou seja, cujo enunciado pode confrontar um documento secundário e uma imagem, por exemplo.
  • Não há: questões que não apresentam nenhuma fonte histórica, cujo enunciado é breve e direto. Geralmente, questões sem fontes históricas são mais factuais, ou seja, não exigem habilidades muito específicas.

Agora que já sabemos quais as fontes históricas mais frequentes nas provas do Enem, vamos comparar os gráficos e ver como são distribuídas.

Fontes históricas do Enem, de 1998 a 2011

Fontes históricas do Enem, de 2009 a 2011

Pelos gráficos, percebemos que os documentos secundários tendem a aparecer mais nas questões de história do Enem. O que impressiona é que, a partir de 2009, tal qual um “pac-man” faminto, questões com documentos secundários passaram a reinar quase que absolutas.

Além disso, a partir de 2009, questões com imagens passaram a ser raras (prevalecendo gráficos, pinturas e fotos), questões mescladas desapareceram e também aumentou a porcentagem de questões que não apresentam quaisquer fontes históricas.

Vejam uma típica questão do Enem que utiliza, como fonte histórica, um documento secundário. Neste caso, o autor do documento escreve sobre fatos que ocorreram durante o regime militar brasileiro (1964-1985).

Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”.
(KONDER, L. História das ideias socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003).

No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políticos vinculados à União Democrática Nacional – UDN –, Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização

a) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista.
b) contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular.
c) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura.
d) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres.
e) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo.

Conclusão

A partir de 2009, as questões de história do Enem perderam muito da complexidade. O uso de pouca variedade de fontes demonstra um certo empobrecimento da proposta inicial do MEC. Além disso, muitos dos documentos secundários utilizados nem têm papel preponderante na questão, servindo menos como fator intepretativo e mais como enfeite na abordagem do fato histórico.

Vamos ver se esta tendência se mantém em 2012, ou se o MEC vai adotar questões com uma variedade maior de fontes históricas.