Este post encerra, parcialmente, a análise que venho feito sobre o que é necessário saber e estudar para fazer o novo Enem. Depois de abordar os Eixos Cognitivos e as Competências e Habilidades, é hora de falar nos conteúdos que vão ser cobrados. Aqui é visível a grande mudança que se prevê para a área de Ciências Humanas: a fusão entre história e geografia, pelo menos no conteúdo programático.
Aliás, talvez esta fusão venha ser a maior experiência interdisciplinar do novo Enem. Todas os cinco eixos temáticos abordam as duas disciplinas, tendo história como norteadora dos aspectos geográficos.
Conteúdo
1- Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
Cultura material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil.
A Conquista da América. Conflitos entre europeus e indígenas na América colonial. A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.
História cultural dos povos africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade brasileira.
História dos povos indígenas e a formação sócio-cultural brasileira.
Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social.
2. Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado
Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do cidadão a partir da Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa.
Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna.
Formação territorial brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamento territorial.
As lutas pela conquista da independência política das colônias da América.
Grupos sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação.
O desenvolvimento do pensamento liberal na sociedade capitalista e seus críticos nos séculos XIX e XX.
Políticas de colonização, migração, imigração e emigração no Brasil nos séculos XIX e XX.
A atuação dos grupos sociais e os grandes processos revolucionários do século XX: Revolução Bolchevique, Revolução Chinesa, Revolução Cubana.
Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e XX: Imperialismo, a ocupação da Ásia e da África, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria.
Os sistemas totalitários na Europa do século XX : nazi-fascista, franquismo, salazarismo e stalinismo. Ditaduras políticas na América Latina: Estado Novo no Brasil e ditaduras na América.
Conflitos político-culturais pós-Guerra Fria, reorganização política internacional e os organismos multilaterais nos séculos XX e XXI.
A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos, políticos e sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras. Políticas afirmativas.
Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial.
3- Características e transformações das estruturas produtivas
Diferentes formas de organização da produção: escravismo antigo, feudalismo, capitalismo, socialismo e suas diferentes experiências.
Economia agro-exportadora brasileira: complexo açucareiro; a mineração no período colonial; a economia cafeeira; a borracha na Amazônia.
Revolução Industrial: criação do sistema de fábrica na Europa e transformações no processo de produção. Formação do espaço urbano-industrial.
Transformações na estrutura produtiva no século XX: o fordismo, o toyotismo, as novas técnicas de produção e seus impactos.
A industrialização brasileira, a urbanização e as transformações sociais e trabalhistas.
A globalização e as novas tecnologias de telecomunicação e suas conseqüências econômicas, políticas e sociais.
Produção e transformação dos espaços agrários. Modernização da agricultura e estruturas agrárias tradicionais. O agronegócio, a agricultura familiar, os assalariados do campo e as lutas sociais no campo. A relação campo-cidade.
4- Os domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente
Relação homem-natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades ao longo do tempo. Impacto ambiental das atividades econômicas no Brasil.
Recursos minerais e energéticos: exploração e impactos. Recursos hídricos; bacias hidrográficas e seus aproveitamentos.
As questões ambientais contemporâneas: mudança climática, ilhas de calor, efeito estufa, chuva ácida, a destruição da camada de ozônio. A nova ordem ambiental internacional; políticas territoriais ambientais; uso e conservação dos recursos naturais, unidades de conservação, corredores ecológicos, zoneamento ecológico e econômico.
Origem e evolução do conceito de sustentabilidade.
Estrutura interna da terra. Estruturas do solo e do relevo; agentes internos e externos modeladores do relevo.
Situação geral da atmosfera e classificação climática. As características climáticas do território brasileiro.
Os grandes domínios da vegetação no Brasil e no mundo.
5- Representação espacial
Projeções cartográficas; leitura de mapas temáticos, físicos e políticos; tecnologias modernas aplicadas à cartografia.
gostei muito pois me esclareceu muitas duvidas!!!!
Prof. será que esses temas ainda são válidos para o enem de 2013? Obrigado :)
Sem dúvida!
Michel, eu gostaria de um modelo de Plano de Curso de História para o 1º, 2º, 3º anos do Ensino Médio. Obrigada
Oi, Maria, compreendi o seu questionamento e inquietação. Criar uma abordagem interdisciplinar em uma questão operatória é relativamente fácil.
Agora, fazer o mesmo na prática cotidiana é mais complicado. Tenho visto o individualismo com que o ensino é tratado. É um salve-se quem puder! Cada professor na sua. Assim, é difícil criar um ambiente interdisciplinar.
A mudança no vestibular vem com a promessa de uma mudança na própria forma de fazer educação. É esperar para ver. Só espero que não esperemos sentados :-)
Um abraço
OLá Michel!
Estou como Coordenadora da Escola Bosque, referência em Educação Ambiental no Estado, aqui no Pará. As questões ambientais contemporâneas que menciona norteiam toda uma discussão na área principalmente do Ensino Médio Profissionalizante, os alunos passam dois períodos (manhã/tarde ou tarde/noite ou manhã/noite) na Escola, sendo que um período é de módulos específicos (Ciências do Ambiente, Manejo de Fauna, Manejo de Flora e Ecoturismo). Percebe-se a dificuldade que os professores têm de elaborar projetos interdisciplinares, muito percebido até entre disciplinas afins como Geografia-História, por exemplo, talvez por questão da formação não discutir o suficiente para tornar claro o “tornar-se interdisciplinar para sermos interdisciplinar” como diz Ivani Fazenda. A questão das falésias desabando, a questão da mata ciliar sendo escalpelada, o assoreamento dos igarapés e furos, a questão do lixo urbano chegando na população das ilhas pelas águas etc. Enquanto estivermos pensando individualmente o meio ambiente sofrerá a ação “do Homem/da Mulher” ribeirinhos e urbanos. E daí que atitude exigimo-nos?
Obrigado, Fabio. Persevere, pois vale a pena. Um grande abraço
Parabéns pelo magnífico blog! Estou tentando seguir um caminho parecido com o seu na minha área (Letras e Literatura), mas ainda preciso aprender muito… rs
Abraço