Ao ler o título, podemos pensar: VERBOS?!? mas o [História Digital] não traz dicas para a prova de história no Enem? Que história é essa de abordar questões de língua portuguesa? Antes que o pessoal faça confusão, vale lembrar que os verbos referidos aqui estão relacionados com as competências e habilidades do Enem.
De qualquer forma, vale lembrar que o Enem tenta ser uma prova interdisciplinar, com questões que abordam saberes de duas ou mais áreas do conhecimento. Eu disse tenta, pois o resultado nem sempre é satisfatório.
Como já dissemos anteriormente, os verbos estão relacionados com as competências e habilidades. Cada habilidade é constituída de um verbo, que denota uma ação para atingir um determinado objetivo. Assim, nesta postagem, vamos verificar quais os verbos mais exigidos no Enem.
Se você está chegando agora, saiba que já escrevemos alguns artigos legais. Leia todos para ter uma boa visão da parte de história da prova.
- A evolução da parte de história no Enem
- Saiba em qual alternativa chutar no Enem
- As competências mais cobradas do Enem
- As habilidades mais cobradas no Enem
Pra que servem os verbos?
A introdução de verbos nos objetivos educacionais se consolidou através de uma iniciativa do psicólogo Benjamim Bloom. Na década de 1950, Bloom liderou a criação de uma hierarquia de saberes que ficaria, posteriormente, conhecida como Taxonomia de Bloom. De acordo com ele, o conhecimento deve progredir dos saberes mais simples aos mais complexos.
Assim, o aprendizado humano – ou domínio cognitivo – passa por algumas etapas, como mostra o esquema abaixo:
Conhecer: memorização de fatos específicos, de padrões de procedimento e de conceitos.
Compreender: imprime significado, traduz, interpreta problemas, instruções, e os extrapola.
Aplicar: utiliza o aprendizado em novas situações.
Análise: de elementos, de relações e de princípios de organização
Síntese: estabelece padrões
Avaliar: julga com base em evidência interna ou em critérios externos
Este esquema mostra que, considerando o que foi dito, conhecer é o saber mais simples, enquanto avaliar é o mais complexo. Vale ressaltar que alguns pesquisadores contestam o esquema, dizendo que sintetizar é mais complexo do que avaliar.
O esquema também mostra que, na preparação para vestibulares e concursos, o candidato não deve contar apenas com as aulas do cursinho. Mesmo uma aula bem dada, com bons professores, mantém o domínio cognitivo no conhecer e, no máximo, no compreender. Cabe ao aluno buscar ir além nos estudos e desenvolver outras habilidades.
Principais verbos do Enem
Agora que já conhecemos a origem dos verbos, vamos analisar a sua aplicação na parte de história do Enem. Vamos manter a mesma metodologia dos outros artigos, ou seja, a comparação de dois períodos do Enem: aquele que vai de 1998 a 2011 e aquele que vai de 2009 a 2011 (novo Enem).
Vale lembrar que estes dados foram criados a partir da análise de competências e habilidades mais exigidas nas questões de história. A partir daí, temos os verbos mais exigidos.
Pelos gráficos, podemos perceber que, desde 1998, já há uma tendência em exigir dos candidatos a capacidade de IDENTIFICAR e ANALISAR. A partir do novo Enem, em 2009, estes dois verbos aparecem em uma mesma quantidade de questões de história, em detrimento dos outros verbos.
A questão é: porque, na parte de história, o Enem prioriza tanto estes dois verbos? Para tentar entender, vamos conferir as habilidades em que estes verbos aparecem.
Identificar
Considerando este verbo, as habilidades são
- Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
- Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
- Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
- Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
- Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
- Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
- Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
Analisar
E considerando o verbo analisar, temos as seguintes habilidades
- Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
- Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
- Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
- Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
- Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
- Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais.
- Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
- Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
- Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos.
Conclusão
Ao situar os verbos IDENTIFICAR e ANALISAR dentro das habilidades específicas, percebemos uma quantidade maior de habilidades que exigem do candidato a análise de fatos específicos. Considerando a Taxonomia de Bloom, o verbo IDENTIFICAR pressupõe um nível de conhecimento mais superficial, enquanto o verbo ANALISAR é mais complexo.
Talvez isto explique o baixo grau de dificuldade das questões de história do Enem (em especial, a partir de 2009) e uma certa facilidade que os candidatos têm em aplicar os conhecimentos nas respostas. Se esta tendência vai se manter a partir de 2012, é o que vamos descobrir em novembro.
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Sendo mais sintetico:
Analisar é pegar uma coisa grande complicada e transformar em várias coisas mais simples.
Sintetizar é pegar várias coisas simples e formar UMA coisa mais grandiosa, onde os detalhes são apagados.
Talvez valesse a pena explicitar os verbos analisar e sintetizar. São quase antônimos um do outro. O primeiro é picar um assunto o outro é condensar varios fatos ou idéias em um só.
Interessante é que as células faz estes dois processos em sequencia durante o ato sensorial. Imagine alguem olhando uma maçã. 1)Já no olho ela é analisada por diferentes células: Está coisa tá parada ou mexendo,é redonda ou outra forma, parece lisa ou crespa, está bem iluminada ou apagadona, é vermelha, azul, verde ou combinação, está mais a direita ou a esquerda; em cima ou em baixo? O processo de picar a realidade continua cérebro a dentro, até que…
2)depois todas estas informações são reintegradas em outra região do cerebro e a visão da maçã imita a maçã real. Pode haver uma boa disparidade entre as duas. A síntese continua com a visão da maçã sendo combinada com outros sentidos como tato e sabor e com experiências pregressas e o prazer/desprazer associado a comer a maçã.
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Legal!!