28 de fevereiro de 2013 vai marcar a memória dos católicos como o dia da renúncia de Joseph Ratzinger – o Papa Bento XVI. De acordo com o papa, a saúde debilitada é o principal motivo, mas existem aqueles que acreditam em motivos políticos para a renúncia. De qualquer forma, em discurso recente, Bento XVI exortou a união dos católicos pelo bem da Igreja.

Papa Bento XVI

As consequências da renúncia ainda serão sentidas em médio ou longo prazo. Neste momento, nosso olhar se curva ao passado em busca de algumas respostas essenciais para compreender a história da Igreja. O caso de Bento XVI é único na Igreja Católica? Antes dele, algum outro papa renunciou ao pontificado? A resposta é sim! Em uma lista que pode chegar a seis papas, os historiadores são unânimes em apontar três que renunciaram em condições bem parecidas ao papa atual: Ponciano, Celestino V e Gregório XII.

Ponciano foi papa de 21 de julho de 230 a 29 de setembro de 235. Durante o seu pontificado, ordenou o canto dos salmos nas igrejas e introduziu a saudação Dominus vobiscum (o Senhor esteja convosco). Ponciano e outros líderes da igreja, entre eles Hipólito, foram exilados pelo imperador Maximino Trácio para a Sardenha. É desconhecido quanto tempo ele viveu exilado, mas sabe-se que ele morreu de esgotamento, graças ao tratamento desumano nas minas da Sardenha, onde trabalhava. Ponciano renunciou ao papado no dia 29 de setembro de 235, para permitir à Igreja eleger outro líder que estivesse presente em Roma, sendo eleito o Papa Antero.

Celestino V, proveniente da ordem beneditina, foi papa durante alguns meses do ano 1294. Ele era conhecido também como Pedro de Morrone, pois foi viver no sopé do morro do mesmo nome, onde levantou uma cela, vivendo de penitências e orações. Sua escolha como papa foi política, por pressão de Carlos II, rei de Nápoles. Com temperamento para a vida contemplativa e não para a governança, o erro de estratégia logo foi percebido pelos cardeais. Pedro Celestino exerceu o papado durante um período cheio de intrigas, crises e momentos difíceis. Reconhecendo-se deslocado, e não se sentindo apto para o cargo, renunciou em 13 de dezembro de 1294. Foi sucedido pelo Papa Bonifácio VIII.

Gregório XII foi papa de 19 de dezembro de 1406 a 14 de julho de 1415. Quando se tornou sumo pontíficie, já tinha mais de oitenta anos de idade. Fisicamente muito magro e alto, assumiu o espírito conciliatório com relação aos problemas da Igreja Católica, em especial o chamado Cisma do Ocidente, que dividia a sede do papado entre Roma, Pisa e Avignon, na França. Apesar da Igreja reconhecer somente o papa de Roma, havia ainda dois antipapas (papas não oficiais) nas outras duas cidades. Durante o seu pontificado, instituiu a hóstia como único elemento da Eucaristia, abolindo o pão e restringindo o vinho somente ao sacerdote. Gregório XII renunciou ao papado no dia 14 de julho de 1415 para tentar pôr fim ao cisma do ocidente. Com seu sucessor, Martinho V, o cisma chegou ao fim.

Este artigo foi publicado no Jornal da Manhã.