Há um ano atrás, fomos surpreendidos por uma notícia que chocou a cidade de Criciúma. O Colégio Energia, famoso na cidade, com aproximadamente 2 mil alunos e 200 funcionários, fora simplesmente fechado. Segundo o ministério público, os sócios do colégio não pagavam o aluguel do imóvel há anos.

Foto que mostra alunos e pais perplexos pelo fechamento do Colégio Energia, em Criciúma

Pais e alunos perplexos diante do fechamento do Colégio Energia

Mas é claro que o motivo não foi apenas esse, a considerar o número de “laranjas” recrutados pelos sócios. Certamente havia muita corrupção, desvio, falcatrua, ou seja, os mesmos crimes infiltrados nas mais diversas instituições, corroendo os municípios, os estados, a nação!

A justiça foi rápida em resolver o problema do dono do imóvel e mesmo dos alunos que, de uma hora para  outra, se encontravam sem escola para estudar. Porém, como fato histórico que se repete ad infinitum em nosso país, os funcionários e professores – elo mais fraco nesta hierarquia – não tiveram salvaguardados seus interesses.

Isto significa que, passado um ano, ainda não recebemos nossos direitos trabalhistas, nem ao menos sabemos como estão os trâmites do nosso processo. O sindicato dos professores da cidade, que já não se manifestara na época, parece não ter o menor interesse em saber das atuais condições.

Enquanto isso, os ex-sócios do colégio desfrutam das mesmas regalias de outrora: viagens, privilégios, altos salários, belas fotos esboçadas em outdoors na capital catarinense.

A cidade praticamente já esqueceu do ocorrido. Aqueles que saíram prejudicados, esperam quase que silenciosamente alguma solução na justiça. 

Gostaria de reproduzir o manifesto do amigo Daniel Goulart, também ex-professor da instituição.

Neste dia de hoje, há um ano, estava sem chão. O lugar onde vivi 11 anos de muito trabalho, muitas alegrias e dificuldades, foi simplesmente aos ares. Não só eu fiquei sem chão. Cerca de 200 professores e funcionários foram jogados no meio da rua com mais cerca de 2 mil alunos.

Alunos estes que foram destituídos de escolher onde estudariam. Que foram roubados. E nao só monetariamente. Nós, que trabalhávamos lá, estamos até hoje para receber os direitos trabalhistas. E os responsáveis por esta sacanagem continuam muito bem, obrigado.

Não sofreram nada, não pagaram nada, estão por aí, passeando, levando suas vidas como se não tivessem feito nada a ninguém. Além dos responsáveis, os “comparsas” que se fizeram de logrados junto com o outros, estão por aí muito bem financeiramente, viajando para o exterior, nadando em piscinas nos clubes da cidade, quase que debochando da cara da gente.

Me decepcionei com a justiça!

Ainda me lembro da minha sensação de impotência, de não poder fazer nada. De vir para casa e nao saber como seria o dia de amanhã, por que as contas estavam vencendo e não tinha ideia de como conseguir o dinheiro para pagar.

Graças a Deus, hoje estou trabalhando num lugar excelente, melhor ainda do que o próprio energia. Mas ainda há feridas difíceis de cicatrizar… Ainda tenho saudades dos meus colegas. Saudades dos meus alunos… Gente… Como me fazem falta. Vocês sempre estarão em meus pensamentos…

No pensamento, ou no coração, fica a dúvida: um ano sem Colégio Energia… e daí?!?

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Ps. Para que todos lembrem do fato, algumas notícias veiculadas na imprensa há um ano atrás: