Conheça 6 heresias antigas e medievais, doutrinas que foram combatidas pela Igreja Católica por ser consideradas perigosas para a comunidade cristã. Apesar do número de heresias ser bem maior do que isso, selecionamos aquelas que são mais conhecidas e/ou discutidas no contexto da história da Igreja no Ocidente e no Oriente.
Estas informações foram extraídas do livro A História do Catolicismo.
1. Pelagianos

Pelágio de Bretanha, fundador do Pelagianismo
O Pelagianismo surgiu no século V, na Inglaterra, a partir das ideias de Pelágio de Bretanha (350-423). A doutrina do pelagianismo negava o pecado original, a corrupção da natureza humana e necessidade da graça divina para a salvação, considerando o homem moralmente neutro. Pelágio dizia que, se os cristãos acreditavam que o ser humano era naturalmente pecador, continuaria pecando. Em 410, o Papa Inocêncio I (378-417) tornou o pelagianismo uma heresia. A doutrina pelagianista também foi intensamente combatida por Santo Agostinho (354-430).
2. Valdenses

Pedro Valdo, fundador dos Valdenses
Os Valdenses – também conhecidos como “pobres de espírito” – surgiram no século XII, na França, a partir das ideias de Pedro Valdo (1140-1220). Os Valdenses negavam a supremacia da Igreja Romana, rejeitavam o culto às imagens e criticavam o poder dos sacerdotes. Além disso, defendiam que os fieis tivessem a Bíblia traduzida em sua própria língua. Em 1176, Pedro Valdo entrou em contato com o Novo Testamento, abandonando os bens. Em 1184, seus seguidores foram excomungados. Em 1532, no Sínodo de Chanforan, os Valdenses aderem ao protestantismo, tendo como símbolo a cruz huguenote. Apenas em 1848, recebem liberdade de culto.
3. Albigenses
Os Cátaros expulsos de Carcassonne
Os Albigenses surgiram no século XII, em Albi, na França, sendo que não identificamos um líder para este movimento. Os Albigenses acreditavam que este mundo é o inferno, pois foi criado não por Deus, mas por satanás. Para obter a salvação, os cristãos deveriam transcender o mundo material através de um ritual denominado consolamentum. Sua doutrina era baseada no gnóstico-maniqueísmo, sendo o Deus do bem aquele do Novo Testamento; e o Deus do mal aquele do Velho Testamento. Os Albigenses também ficaram conhecidos como Cátaros e se autodenominavam “homens bons” ou “bons cristãos”. Em 1178, os Albigenses são considerados hereges e, entre 1209 e 1244, foi promovida uma série de ações conhecidas como Cruzada Albigense, durante o papado de Inocêncio III.
4. Lollardos
John Wycliffe entrega a tradução da Bíblia aos padres, de William Yeames
Os Lollardos surgiram no século XIV, na Inglaterra, a partir das ideias de John Wycliffe (1328-1384) e John Huss (1369-1415). Lollardos eram padres que andavam de dois em dois, faziam voto de pobreza, ensinavam o Evangelho ao povo e difundiam as ideias de Wycliffe, considerado o verdadeiro precursor da Reforma Protestante. Wycliffe e seus seguidores criticavam o envolvimento da Igreja em assuntos laicos e defendia uma hierarquia eclesiástica com menos poder. Além disso, negavam o princípio da transubstanciação, a crença que o pão e vinho se convertem, respectivamente, no corpo e no sangue de Jesus Cristo. Em 19 de fevereiro de 1377, Wycliffe é intimado a apresentar-se diante do Bispo de Londres. Em 1381, suas ideias são proibidas.
5. Nestorianos
Padres nestorianos em procissão no Domingo de ramos, na China
Os Nestorianos surgiram no século V, no Império Bizantino, a partir das ideias de Nestório (386-451), Patriarca de Constantinopla entre 428 e 431. Os Nestorianos enfatizavam a desunião entre a natureza humana e divina de Jesus Cristo, através de uma doutrina denominada diofisismo. Da mesma forma, negavam o título de Theotokos (Mãe de Deus) para Maria. O Nestorianismo foi considerado uma heresia no Primeiro Concílio de Éfeso, em 431; e no Concílio da Calcedônia, em 451. Neste mesmo ano, ocorre o Cisma Nestoriano, as igrejas que apoiavam Nestório resolvem abandonar a Igreja Romana.
6. Arianos

Ário de Alexandria, fundador dos Arianos
Os Arianos surgiram no século IV, em Alexandria, a partir das ideias de Ário (256-336), Presbítero Cristão de Alexandria. Os Arianos negavam a consubstancialidade entre Jesus Cristo e Deus, ou seja, para eles, Jesus e Deus não tinham a mesma natureza divina. Criam ser Deus um grande e eterno mistério e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo. De fato, em 319, Ário prega que Jesus e Deus não são a mesma substância divina. Em 325, o Primeiro Concílio de Niceia afirma a homosia (substância idêntica entre Jesus e Deus) e declara o Arianismo uma heresia. A partir do século V, os seguidores de Ário desaparecem devido a perseguição religiosa.
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