Você já deve ter ouvido falar que, durante boa parte da Idade Média (séc. V a XV), vigorou o sistema feudal, baseado na propriedade agrícola, conhecido como feudo. Durante a Alta Idade Média (séc. V a X), os feudos conheceram grande desenvolvimento. Porém, a partir do século XI, na Baixa Idade Média, o sistema feudal entrou em decadência. Neste contexto, conheça 7 Fatos Ligados à Crise do Feudalismo no Final da Baixa Idade Média.

1. Renascimento Comercial

Atividade comercial em praça medieval

Comércio rolando em feira medieval

Até o final da Idade Média, ocorreram vários “renascimentos”: Renascimento Carolíngio, Renascimento Comercial, Renascimento Urbano e o Renascimento Cultural, este último um marco do início da Idade Moderna. A ideia de Renascimento Comercial está ligada ao fato de que o comércio que era praticado até o fim do Império Romano (séc. V) perdeu intensidade nos feudos, uma vez que nestes predominava o comércio ou troca de produtos agrícolas. Porém, fora dos feudos, o comércio de mercadorias e manufaturas nas feiras comerciais passou a ganhar cada vez mais destaque. Um dos fatos que marcou a crise do feudalismo.

2. Renascimento Urbano

Desenho de um grande burgo medieval

Burgo medieval

O Renascimento Urbano foi outro dos “renascimentos” que ocorreram na Idade Média e está vinculado diretamente ao Renascimento Comercial. As feiras comerciais passaram a contar com um número de pessoas cada vez maior, de forma que, em alguns casos, havia necessidade de organizar as feiras em lugares fortificados, com maior proteção. Deste processo, surgiram os Burgos, cidades medievais que estavam fora do domínio do senhor feudal. Muitas delas garantiam a liberdade que não existia no feudo, atraindo milhares de servos e acentuando a crise do sistema feudal. Os habitantes dos Burgos eram chamados de burgueses.

3. Corporações de Ofício

7 fatos ligados à Crise do Feudalismo

Guilda de ferreiros ou de ferraduras?

Inicialmente, as terras onde eram realizadas as feiras comerciais estavam sob controle dos senhores feudais ou membros da Igreja. Por este motivo, muitas vezes a carga de impostos era muito alta. Para se proteger dos altos tributos, foram criadas associações para garantir os direitos dos mercadores. Inicialmente, estas associações congregavam todos os comerciantes. Porém, com o tempo, surgiram as Corporações de Ofícios, ou Guildas, para garantir os interesses de diferentes categorias de serviços. Neste sentido, haviam guildas de ferreiros, sapateiros, peixeiros, carpinteiros, entre outros. Um marco da crise do feudalismo.

4. Monarquias Nacionais

7 fatos ligados à Crise do Feudalismo

Que rei sou eu

Durante boa parte da Idade Média, não existiam países como conhecemos hoje. Cada feudo era administrado por um senhor feudal, de forma que não havia uma unidade política e administrativa. Na Baixa Idade Média, surgiram nações – Monarquias Nacionais – cujo poder central estava nas mãos de um rei, com língua, moeda e um conjunto próprio de leis. Estas nações surgiram da aliança entre o rei e a burguesia. A burguesia sentia-se prejudicada em seus negócios, pois os senhores feudais tornavam o comércio difícil, cobrando altos impostos ou saqueando as cidades. Assim, um poder centralizado se fazia necessário para garantir a estabilidade.

5. Guerra dos Cem Anos

7 fatos ligados à Crise do Feudalismo

Joana d’Arc

A Guerra dos Cem Anos (que não durou cem anos, pois ocorreu entre 1337 e 1453) foi travada entre duas Monarquias Nacionais em formação, que tinham intensa rivalidade: Inglaterra e França. O rei inglês Eduardo III, no início do séc. XIV, manifestou desejo de ocupar o trono francês, pois considerava-se herdeiro do trono. Este desejo levou à guerra, cujo desfecho parecia favorável às tropas inglesas, a ponto da França ter cedido o direito ao trono ao rei Henrique V, da Inglaterra, no Tratado de Troyés, assinado em 1420. Porém, a jovem e famosas Joana d’ArC reanimou as tropas francesas até que, em 1453, os ingleses foram expulsos da França.

6. Pandemia de Peste Negra

Pintura medieval da Peste Negra

Peste Negra

A Peste Negra, uma das pandemias (epidemia que se expande rapidamente por um grande território) mais famosas da história, chegou na Europa através de um navio da cidade de Veneza, na Itália, que navegava por rotas comerciais no Mar Mediterrâneo. Entre 1340 e 1350, a epidemia matou milhares de europeus. Mas esta doença proveniente do rato não se espalhou de forma tão rápida e mortal por acaso. Outros fatores estiveram associados à sua fatal disseminação, como a crise na agricultura feudal devido a guerras, fatores climáticos e queimadas. Assim, a produção de alimentos não foi suficiente para sustentar uma população que crescia cada vez mais. Isto, associado às precárias condições de higiene nos feudos e cidades, tornou o ambiente propício para a disseminação da doença.

7. Revoltas Camponesas

7 fatos ligados à Crise do Feudalismo

“Zés Ninguéns” em ação

Ser um servo medieval não era tarefa fácil. Apesar de ter um lugar para morar e estar sob proteção de um senhor feudal, a quantidade de obrigações que o servo tinha que  era imensa. Com a crise agrícola e as epidemias do século XIV, vistas no tópico anterior, houve uma redução da população, de forma que a carga de trabalho dos servos multiplicou. O aumento da carga levou ao descontentamento e a explosão de várias revoltas camponesas em toda a Europa. Na França, estas revoltas ficaram conhecidas como jacqueries, pois os servos eram conhecidos na região como Jacques Bonhomme, ou “Zé Ninguém”, em português. No decorrer do século XIV, várias outras revoltas ocorreram na região de Flandres, França e Inglaterra. Um fato marcante da crise do feudalismo.