Cada povo, em determinado contexto histórico, manifesta sua cultura ou suas crenças de uma determinada maneira. Neste sentido, as fotografias post-mortem, feitas após a morte das pessoas, estão inseridas em um dado momento da história.
O que para nós parece bizarro, mórbido, às vezes até monstruoso, era algo comum para algumas famílias do século XIX. Assim, é importante cuidado ao julgar o passado com o olhar do presente. Em várias fontes pesquisadas, destaca-se este fato com um sensacionalismo exagerado.
Afinal, a morte é a coisa mais natural da vida, em qualquer momento histórico. Há, inclusive, uma frase em latim – memento mori (lembre-se que você é mortal) – que nos leva a pensar sempre na brevidade de nossa existência.
Confira, nesta postagem, por que estas fotos eram populares, onde e quando ocorriam com mais frequência e as técnicas utilizadas para dar ao morto um aspecto de vivo.
Esta lista foi extraída de uma série de fontes, como Imagens Históricas, Wikipedia, American Daguerreotypes.
A mulher no meio está morta, mas teve as pálpebras pintadas.
– De acordo com alguns historiadores, as fotos post-mortem, capturadas após a morte, tiveram origem na Inglaterra, quando a Rainha Vitória pediu que fotografassem o cadáver de um parente, para que ela guardasse como recordação.
– Este tipo de foto se popularizou a partir do daguerreótipo – técnica de sucesso comercial e que reduzia o tempo da fotografia, criada por Louis Jacques Mandé Daguerre. Sua criação, em 1839, tornou os retratos acessíveis, principalmente para as famílias menos ricas.
– Foram mais comuns no século XIX, durante a Era Vitoriana, quando as mortes ocorriam em casa e faziam parte do cotidiano. Eram mais comuns as fotos de crianças mortas, pois a mortalidade infantil era elevada neste período.
– Neste período, a expectativa de vida de um homem de classe média ou alta era de 44 anos. 57 em cada 100 crianças, que nasciam dentro da classe trabalhadora, faleciam antes de completar cinco anos. Os defuntos e funerais eram mais comuns do que atualmente.
– De acordo com Mary Warner Marie, este tipo de foto foi mais frequente durante as primeiras décadas da fotografia, entre clientes que optavam por capturar a imagem de um ente querido para lembrar nos anos seguintes. Era uma forma de trazê-los de “volta à vida” e diminuir a dor do luto.
Estaca utilizada para sustentar em pé o corpo do falecido.
– As primeiras fotos post-mortem focavam no rosto do morto ou capturavam o corpo inteiro, raramente mostrando o caixão. O morto geralmente aparentava estar dormindo, mas algumas famílias preferiam uma aparência mais vívida.
– Crianças geralmente pareciam estar em repouso, muitas vezes posando com seus brinquedos favoritos. Em alguns casos, um membro da família aparecia junto, sendo mais frequente as mães. Em contrapartida, adultos ou membros mais velhos apareciam em cadeiras, ou mesmo em pé.
– Para fazer o corpo ter aparência vívida, eram utilizadas várias técnicas. Dentre elas, a pintura de pálpebras após a impressão da foto e a utilização de maquiagem forte. Para fazer fotos em que o morto está em pé, eram utilizados estacas de sustentação.
– Muitas vezes, as fotos post-mortem eram tiradas durante os enterros, com os familiares em volta do caixão. Isto ocorria quando a família do morto não possuía dinheiro o suficiente para pagar um estúdio fotográfico.
– A prática da fotografia post-mortem perdeu popularidade no final do século XIX, principalmente após a criação das fotos instantâneas. No entanto, ainda existem alguns exemplares de fotos tiradas no decorrer do século XX.

A moça em pé está morta, em estado de rigor mortis.
– No ato de fotografar a pessoa que morreu há pouco tempo, estando o corpo em estado “fresco”, eram criados verdadeiros cenários elaborados com composições muitas vezes complexas de estúdio para fazer os álbuns dos mortos.
– Em outros casos, após algum tempo do falecimento da pessoa, ocorria o chamado rigor mortis, um sinal reconhecível de morte que é causado por uma mudança química nos músculos, causando aos membros do cadáver um endurecimento (“rigor”) e impossibilidade de mexê-los.
– Tipicamente, o rigor acontece várias horas após a morte clínica, apesar do tempo de início e duração depender da temperatura ambiente. Na média, começa entre 3 e 4 horas após a morte, com total efeito em 12 horas e, finalmente, o relaxamento em aproximadamente 36 horas.
– Em caso de rigor mortis, era necessário inventar situações complicadas para a foto ficar natural, envolvendo a instalação de calços sob cadeiras e inclinar a câmera fotográfica para que a cena se ajustasse à posição fixa do cadáver.
– Em algumas montagens, os mortos eram colocados em pé ao lado de familiares, sentados com pernas cruzadas em sofás, lendo livros, abraçando um ente querido, ou outra pose que fosse normal para quem estivesse vivo.
Nem sempre as fotos post mortem as pálpebras são pintadas, visto que grande parte das pessoas morrem com elas dilatadas.
O filme “Um morto muito louco” é bem engraçado, mas nao é realista, o Rigor Mortis atrapalharia muita coisa.
Olavo Bilac, poeta pos-realista, idealizador do alistamento obrigatorio aos 18 anos,era estudante de Medicina e foi expulso da faculdade porque teve relaçoes com cadáver.
Ele era um necrófilo? o_O
Cromwell, o puritano derrubador do Stuart absolutista e fundador da Republica Inglesa de curta duraçao, além de outras realizaçoes: reforma do Exercito, anexacao definitiva da Escocia e da Irlanda…. teve que responder a processo judicial e ser “executado” postumamente. Um papa (Formoso) também.
Santos preservados em relicários dos medievais e figuroes embalsamados e expostos publicamente também fazem parte deste desejo de ludibriar a morte. Mas a historia mais necrófila é a da Eva Peron, Deus que me livre, a coitada foi quase tao “atuante” morta quanto era viva.
Mas também gostavam de se fotografar vivos tb? Ou a grana só era reservada para a “ocasiao especial”?
Fotos pos-morte lembram os egipcios. Os romanos diziam que os egipcios eram obcecados com a morte. Mas isto era um preconceito cultural, os egipcios amavam tanto a vida, que queriam extender morte a dentro os prazeres da vida.Fotos pos-morte lembram El Cid e Inês de Castro. Prof Michel vc poderia contar o que sabe dos dois? Ha verdade historica?